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Socorro! Meu filho adolesceu!
Ele vai escapar de você. Vai sim. E isso é bom. Mas dá medo. E como dá! Será que vou saber soltar as rédeas na hora certa? Será que vou saber a hora de puxar estas mesmas rédeas? Tudo bem a figura de linguagem não é das melhores. Afinal estou falando de um garoto de 13 anos.
Meu filho. Mas me descobri assim, diante das suas transformações. Pensando em rédeas, em soltar cordas, aos pouquinhos, bem pouquinho, mesmo. Em puxá-las de volta quando ficar insegura e com medo. Sim sou eu, a mãe de 39 anos quem está com medo. Muito medo. E de repente percebeu que todo o seu medo foi colocado nos ombrinhos daquele garoto, que ainda guarda vestígios do menininho, de sete, oito, nove, dez anos. Quantas vezes olhando para aquela criaturinha – que agora não aceita mais com facilidade o que tenho para dizer, que está começando a bater as asas para alçar vôos mais altos – vi o menininho que vinha me mostrar seus desenhos, que me pedia para contar histórias, para vê-lo jogar bola, para brincar de pirata. Não o quero criança sempre.
O desejo maior é vê-lo escapar de mim. Escapar. Imagine um navio. Sem uma âncora que possa ser lançada a qualquer momento ele fica à deriva. Para que navegue, livremente, explore, enfrente mares revoltos ou calmos, precisa da segurança de uma âncora. E é aí que mora o medo desta mãe. O medo de não ter construído uma âncora sólida para que seu filho, nem fique atracado a vida toda em um único porto, nem se perca a deriva. Iludido.
Acreditando estar indo atrás de seus desejos e sonhos. Para escapar, para não ficar preso à cartilha materna/paterna, exclusivamente, tem-se que ter uma boa âncora. A mãe centrada percebe que aquele movimento do seu menininho é o seu desabrochar. Segura e tranqüila ela o deixa caminhar. Meu Deus! Estou a anos luz desta mãe. No lugar da mãe segura e sábia, surge uma mãe, às vezes autoritária demais, às vezes permissiva.
Mas às vezes assertiva. Só que o medo de não saber o momento certo de deixar o filho escapar dela mesma, a encolhe. No dia-a-dia a mãe louca toma conta. Sufoca a mãe assertiva que timidamente surge, faz investidas, briga com a outra. E muitas vezes acaba vencida. Então repasso os erros e acertos destes 13 anos. Os erros foram muitos. Foram sim. E olhe que eu sempre procurei orientação. As leituras de Vygotsky, Françoise Dolto, Winnicott – posso desfiar um verdadeiro rosário de muitos especialistas em infância, adolescência, ser humano – a terapia, o curso de psicanálise que tanto ajudam, nestas horas parecem não ter nenhum sentido. É a mãe louca no comando. Respiro, esvazio e centro. Tiveram erros, mas tiveram muitos acertos também e é neles que devo confiar. Certo? Claro. Neste duelo interno reconheço um dos nós da questão. As rédeas. As rédeas do início do texto. Aquelas que pareciam ser o problema, na realidade o são. Mas está desfocado. É preciso ajustar o foco. E este não é o tempo, mas o local. Explico. O problema não está em saber quando soltar ou puxar as rédeas. Mas onde colocá-las. Ela está no lugar errado. Não deve estar no menininho que começa a se transformar em um adolescente. Mas em mim. Mais precisamente na mãe louca, aquela que diante das notas vermelhas, dos deveres deixados de lado, das escapadas às escondidas para jogar bola, andar de skate, já enxerga seu filho à deriva no mundo. Cobra. Briga. Teme. A mãe louca que transfere todo o peso de seu medo para os ombrinhos deste garoto. Já é difícil adolescer. Diante do turbilhão de mudanças ainda ter que carregar a bagagem do medo de uma mãe...Ninguém merece! Ufa! Respira e retoma o filme. Rédeas na mãe louca que tudo vai dar certo.
Via Desabafo de Mãe:
http://www.desabafodemae.com.br/home.php?acao=desabafos&subact=desabafo&cod=41
Rédeas?
ResponderExcluirPassei por isto há oito anos. Uma filha.
Cada caso é um caso.
Uma coisa que ajudou muito foi o círculo de amizades dela. Eram jovens muito bacanas. Era fácil conversar em grupo...
Adolescer é forte!!!!
ResponderExcluirTô precisando "adolescer".
ResponderExcluirNa minha época a gente não podia assumir a adolescência...
Da época me lembro sempre "do escurinho do cinema..."
ResponderExcluiruahuahahauahuahauhauahua
ResponderExcluirMinha mãe ainda me trata como uma neném =P mas quando deixo louça na pia pra lavar,aí ela lembra que eu cresci hahahaha
ResponderExcluirEra bom, né? Tremenda emoção...
ResponderExcluirTudo muda.
Hoje se eu ligar aquela TV enorme lá da sala, botar um filme no DVD e reduzir a luz da sala, o meu grande amor me pergunta:
"Amor, cê tá legal? Tá com problema de vista?"
Tenho dois anos para preocupar-me com a adolescência lá em casa, mas os sinais já estão bem evidentes.
ResponderExcluirNão é fácil compreender os tilts, mas é preciso.
Sinceramente tenho medo de errar! A gente quer que as crianças sejam felizes.
Pelo que escreveu, tem toda a motivação para encontrar as melhores soluções.
ResponderExcluirNão tema. É uma experiência enriquecedora.
Abraços.
Obrigada pela força Alex!
ResponderExcluir:)))
É uma m... Regina, nem adianta se pré ocupar, o jeito é ter jogo de cintura, paciência e compreensão, não esquecendo que também já tivemos essa idade. Eu tenho 3 filhotes, um de quase 16, uma de quase 20 e uma que fez 22 ontem , levando tudo isso que eu disse em conta tenho sobrevivido muito bem, afinal de contas não existe escola pra ser mãe (ou pai), não é mesmo?
ResponderExcluirMuito legal esse texto
Beijo
Não dá para escapar dessa! Eles precisam crescer!...
ResponderExcluirBeijo.