quinta-feira, 16 de novembro de 2006

PABLO NERUDA.

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"Gosto quando te calas"

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda


11 comentários:

  1. Linda foto e poema. Grande Neruda.
    Sempre que vejo coisa do neruda me vem o trecho da musica do chico "Devolva o neruda que voce me tomou e nunca leu..."

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  2. Pô, a pessoa da nunca leu "aquele" Neruda - não dá para crer!!!

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  3. Adoro o Pablo Neruda. Escreve muitíssimo bem. Este texto dele é simplesmente maravilhoso.
    Bjos

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  4. Esta é uma das poesias que mais gosto.
    Beijo Paula.

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  5. "Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

    Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
    claro como uma lâmpada, simples como um anel"

    Esse poema é um dos mais lindos dele, com certeza.

    Beijo, Tan!

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  6. Grande Neruda!!!!!!
    Fabuloso Tânia.
    "Uma palavra então, um sorriso bastam.
    E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade"
    Adoro esse jogo de palavras...
    Beijos miga.
    Sonia..

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  7. Aquele livro 20 poemas de amor e uma canção desesperada, li não sei quantas vezes - ele usa muito esse jogo de palavras.
    Beijinhos Sônia.

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